O que nos motivou?
Contribuir para a melhoria da qualidade de vida das populações em favelas
Apesar de a pesquisa estar concentrada na região do ABC Paulista, os estudos e subsídios científicos para políticas públicas, a serem produzidos, podem ser difundidos e replicados em outras regiões e cidades do país, principalmente em territórios com populações periféricas vivendo em situação de vulnerabilidade, notadamente as favelas. Isso ocorre diante das várias semelhanças socioeconômicas, demográficas, culturais, históricas entre outras, em nível macro, compartilhadas por favelas em regiões metropolitanas do Brasil. Entendemos que somados aos aspectos propriamente epidemiológicos e biológicos, para a caracterização de grupos de risco na pandemia, como faixa etária e pessoas portadoras de morbidades, os critérios socioeconômicos, isto é, os Determinantes Sociais de Saúde (DSS), impactam de forma intensa os grupos populacionais nos diferentes e desiguais territórios. Sendo assim, tais desigualdades nos DSS devem também ser levadas prioritariamente em conta para uma compreensão científica e atuação, em termos de políticas públicas, mais abrangentes e efetivas em relação ao bem viver. Há, em vista disso, sob essa visão, produção científica inicial que aponta para uma incidência de impactos negativos mais substanciais da Covid-19 em grupos sociais específicos, como negros, crianças e adolescentes pobres, moradores de rua, indígenas, quilombolas, mulheres e as populações faveladas. Neste último conjunto, do ponto de vista da saúde, a pandemia impacta (e impactou) todas as suas dimensões, com efeitos sobre cultura, educação, mobilidade, economia, democracia, ciência, política e, claro, nas relações sociais. Estes aspectos vão ao encontro, segundo já referido acima, tanto do que se entende por DSS quanto às metas da Agenda 2030/ODS. Enfim, é fundamental que também se avance para categorias sociais que ajudem a entender o impacto da pandemia sobre os diferentes grupos sociais que compõem a sociedade. E, segundo já referido, as parcelas sociais que aqui nos animam são as populações vulneráveis das favelas. É para elas que desenvolveremos pesquisas científicas com o fim de expandir o conhecimento, inovar e subsidiar políticas públicas. Outra causa que nos move é a compreensão sobre a circulação de informações durante a pandemia. Temos como hipótese que, especialmente no público de nosso estudo, ocorreram significativos níveis de falta de acesso à informação: pré-condição para redução da vulnerabilidade. Além disso, observou-se um extenso movimento de notícias falsas, o que levou ao desprezo da ciência, das instituições de saúde e, consequentemente, ao largo prejuízo no combate à Covid-19. Com estas ponderações, pretendemos, também, ao produzirmos subsídios científicos para a elaboração de políticas públicas, contribuirmos para aumentarmos o grau de informações apropriadas às populações mais vulneráveis. Quanto à transferência propriamente de saberes obtidos em pesquisas científicas, para o subsídio de políticas públicas, a lacuna é ainda maior. Esta deficiência, em parte explicada pela novidade da matéria, se constitui, igualmente, em um dos outros objetivos centrais do projeto que pretendemos realizar. Logo, acreditamos que os elementos acima colocados são vitais para que possamos entender os desafios e as demandas, os riscos e as vulnerabilidades tornados realidades nos âmbitos da pandemia e da pós-pandemia, cumprindo com a exigência de uma concepção mais holística para o desafio central da presente pesquisa e da prática das políticas públicas.